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Transparência Relutante: LinkedIn Confirma Uso de Dados de Usuários para Treinar IA, Gerando Preocupações

O LinkedIn, a rede social profissional que se tornou um celeiro de oportunidades para conectar profissionais, empresas e oportunidades de carreira, tem sido palco de debates acalorados sobre a coleta de dados e a privacidade dos usuários. A empresa, em sua busca por oferecer uma experiência personalizada e otimizar seus serviços, tem se valido da inteligência artificial (IA) para alimentar seus algoritmos e oferecer recursos como sugestões de contato, oportunidades de emprego e conteúdo personalizado. No entanto, essa estratégia levanta importantes questões sobre a utilização dos dados dos usuários, a transparência na coleta e o impacto potencial na privacidade.


O LinkedIn, em uma atualização recente de sua política de privacidade, reconheceu explicitamente o uso de dados dos clientes para treinar seus modelos de IA, o que gerou uma onda de debates e questionamentos sobre a forma como a plataforma trata os dados dos usuários. A empresa afirma que a coleta de dados é essencial para o funcionamento da plataforma e para oferecer uma experiência personalizada aos usuários. No entanto, essa justificativa não alivia as preocupações em relação à falta de transparência e ao potencial de abusos.


Quais são as preocupações em relação à coleta de dados?

A utilização de dados dos usuários para treinar modelos de IA levanta uma série de preocupações sérias em relação à privacidade, à segurança e à ética. A ausência de transparência, o consentimento vago e o risco de vieses algorítmicos são apenas algumas das questões que devem ser abordadas com cuidado:


  • Transparência: A nova política de privacidade do LinkedIn foi recebida com críticas por falta de transparência em relação à forma como a empresa utiliza os dados dos usuários para treinar seus modelos de IA. Muitos usuários se questionam sobre quais dados estão sendo utilizados, como esses dados estão sendo processados e quais são as implicações práticas da utilização desses dados em relação à sua experiência na plataforma. A falta de transparência gera incerteza e desconfiança, levando os usuários a questionar o nível de controle que têm sobre suas próprias informações. O usuário, ao ter acesso a informações claras e detalhadas sobre como seus dados são utilizados, pode tomar decisões mais conscientes sobre o uso da plataforma e a forma como compartilha suas informações. A transparência é um pilar fundamental para construir confiança entre as empresas e seus usuários.


  • Consentimento: A forma como o LinkedIn obtém o consentimento dos usuários para a utilização de seus dados para treinamento de IA também tem sido questionada. Muitos usuários acreditam que o consentimento é vago e difícil de ser entendido, e que não têm controle suficiente sobre a forma como seus dados estão sendo utilizados. A LGPD, por exemplo, exige que o consentimento seja livre, específico, informado e inequívoco, o que significa que os usuários devem ser claramente informados sobre o que estão consentindo e ter a possibilidade de recusar o tratamento de seus dados. A falta de consentimento válido e informado pode resultar em violações à LGPD e em sanções para a gigante de San Francisco/CA.


  • Segurança: A segurança dos dados dos usuários é uma preocupação constante em relação à coleta e ao armazenamento de dados em redes sociais. O uso de dados para treinamento de IA acrescenta uma nova camada de complexidade a essa questão, uma vez que os dados podem ser vulneráveis a ataques cibernéticos ou a vazamentos de informações. A proteção dos dados contra acessos não autorizados, modificações indevidas, perda e destruição é essencial para garantir a privacidade dos usuários. A implementação de medidas de segurança robustas, como criptografia, controle de acesso e sistemas de detecção de intrusões, é fundamental para proteger os dados dos usuários contra ameaças cibernéticas.


  • Vieses Algorítmicos: A utilização de dados para treinar modelos de IA pode resultar em vieses que podem impactar negativamente a experiência dos usuários. Os algoritmos de IA são treinados com dados do mundo real, que podem refletir vieses existentes na sociedade, o que pode levar a resultados discriminatórios ou injustos para determinados grupos de usuários. É fundamental que as empresas sejam transparentes sobre os possíveis vieses em seus algoritmos e tomem medidas para mitigar esses vieses, garantindo que os sistemas de IA sejam justos e equitativos.


O Dilema da Privacidade em Redes Sociais:

A questão da privacidade em redes sociais é um tema complexo e delicado. As redes sociais oferecem diversos benefícios para os usuários, como o acesso à informação, a comunicação e a construção de relacionamentos. No entanto, a coleta de dados é essencial para o funcionamento dessas plataformas, e o equilíbrio entre a privacidade e os benefícios das redes sociais é um desafio constante.


Quais são os riscos da coleta de dados para o treinamento de IA?

O uso de dados dos usuários para treinar modelos de IA apresenta riscos significativos que vão além da simples coleta e armazenamento de dados. A utilização desses dados para alimentar algoritmos pode levar a consequências negativas:


  • Discriminação Algorítmica: Modelos de IA treinados com dados que refletem vieses da sociedade podem perpetuar e até mesmo amplificar a discriminação. Isso pode afetar áreas como recrutamento, concessão de crédito, justiça criminal, gerando resultados injustos e desiguais para determinados grupos. Por exemplo, um algoritmo de IA treinado com dados de contratação que reflitam vieses históricos de discriminação pode acabar favorecendo candidatos de um determinado gênero ou etnia, reforçando a desigualdade no mercado de trabalho.


  • Manipulação e Influência: Algoritmos de IA podem ser usados para manipular a opinião pública e influenciar o comportamento dos usuários. A personalização de conteúdo, baseada em dados coletados, pode criar bolhas de filtragem e reforçar visões preconceituosas ou extremistas. As redes sociais, por exemplo, podem utilizar algoritmos de IA para sugerir conteúdo que seja compatível com as visões do usuário, reforçando suas crenças e impedindo o contato com pontos de vista diversos.


  • Abuso de Poder: As empresas que detêm grandes volumes de dados dos usuários possuem um poder significativo para influenciar o comportamento e as decisões das pessoas. A falta de transparência e o controle inadequado sobre a coleta e o uso desses dados pode levar a abusos de poder e à manipulação da opinião pública. Empresas que possuem acesso a uma grande quantidade de dados podem utilizar essas informações para influenciar as decisões dos usuários, como a escolha de produtos, a participação em eleições e até mesmo a formação de opiniões.


O que a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) diz sobre isso?

A LGPD, uma lei brasileira que visa proteger dados pessoais, exige transparência e consentimento informado para este exemplo de coleta e tratamento de dados pessoais. A LGPD estabelece, por exemplo, dentre outros, os seguintes direitos do titular dos dados:


  • Direito à Informação: O titular tem direito a saber quais dados são coletados sobre si, como eles são utilizados, por quanto tempo são armazenados e com quem são compartilhados.

  • Direito de Acesso: O titular pode acessar os seus dados pessoais armazenados em um banco de dados.

  • Direito de Retificação: O titular pode retificar dados incorretos, incompletos ou desatualizados.

  • Direito de Exclusão: O titular pode solicitar a exclusão dos seus dados, desde que não haja impedimento legal ou legítimo interesse.

  • Direito de Portabilidade: O titular pode solicitar a portabilidade dos seus dados para outro controlador, facilitando a mudança de serviço.


A forma como o LinkedIn coleta e utiliza os dados dos usuários precisa ser avaliada à luz da LGPD, garantindo que os usuários estejam cientes de como seus dados estão sendo utilizados e que tenham o controle sobre suas informações.


Como o uso de dados para treinamento de IA se conecta com a LGPD?

A LGPD impõe restrições e obrigações claras para a coleta, o tratamento e o armazenamento de dados pessoais, incluindo dados biométricos, como a imagem e a voz, que são utilizados pelos sistemas de IA. A norma exige que a coleta de dados seja lícita, legítima e necessária, seguindo os princípios de finalidade, adequação, proporcionalidade e minimização, e garantindo a segurança e a confidencialidade dos dados.


O que o LinkedIn faz com os dados dos usuários?

De acordo com a política de privacidade atualizada do LinkedIn, a empresa coleta uma variedade de informações sobre seus usuários, incluindo:


  • Informações de perfil: Nome, endereço de e-mail, número de telefone, foto de perfil, histórico de trabalho, educação, habilidades e interesses.

  • Dados de atividade na plataforma: Interações com outros usuários, como mensagens, comentários, curtidas, compartilhamentos, visualizações de perfis, participação em grupos e eventos.

  • Dados de contato: Informações de contato compartilhadas pelo usuário, como e-mail, número de telefone, endereço, perfil em outras redes sociais.

  • Dados de dispositivos: Tipo de dispositivo usado, sistema operacional, endereço IP e informações sobre o navegador.

  • Dados de localização: Informações sobre a localização do usuário, como GPS, histórico de localização e código postal, utilizados para personalizar a experiência na plataforma e oferecer serviços relevantes, como sugestões de conexões e eventos locais.


O uso da IA no LinkedIn:

O LinkedIn utiliza a IA para alimentar seus algoritmos e oferecer uma experiência personalizada aos usuários, incluindo:


  • Sugestões de conexões: O LinkedIn utiliza dados sobre as habilidades, interesses e redes de contato dos usuários para sugerir conexões relevantes.

  • Recomendação de conteúdo: A plataforma utiliza dados sobre os interesses e comportamentos do usuário para recomendar conteúdo relevante, como artigos, vídeos e posts.

  • Otimização de pesquisa: O LinkedIn utiliza dados para otimizar os resultados de pesquisa e torná-los mais relevantes para os usuários.

  • Oportunidades de emprego: O LinkedIn utiliza dados para oferecer sugestões de empregos que se alinharem com as habilidades e interesses dos usuários.


Quais são os desafios do LinkedIn em relação à privacidade?

O LinkedIn enfrenta diversos desafios para garantir a privacidade dos usuários, especialmente em relação ao uso de dados para treinamento de IA:


  • Transparência: A empresa precisa ser mais transparente em relação à forma como coleta e utiliza os dados dos usuários, especialmente os dados utilizados para treinar seus modelos de IA.

  • Consentimento: O LinkedIn precisa obter o consentimento válido e informado dos usuários para o tratamento de seus dados, especialmente os dados que são utilizados para treinar seus modelos de IA.

  • Segurança: A empresa precisa investir em medidas de segurança robustas para proteger os dados dos usuários contra acessos não autorizados, modificações indevidas, perda e destruição.

  • Vieses Algorítmicos: O LinkedIn deve se esforçar para mitigar os vieses em seus algoritmos, garantindo que os sistemas de IA sejam justos e equitativos.

  • Controle do Usuário: O LinkedIn deve oferecer aos usuários ferramentas e controles mais eficazes para gerenciar seus dados, incluindo a possibilidade de excluir dados, limitar o uso de dados e controlar as informações que são compartilhadas.


A Importância da Educação e da Conscientização:

O debate sobre a privacidade de dados e o uso de IA nas redes sociais exige uma conscientização global sobre os riscos e desafios relacionados à coleta e utilização de dados pessoais. É importante que os usuários compreendam seus direitos e como exercê-los, que as empresas sejam transparentes sobre suas práticas e que os reguladores atuem para proteger a privacidade dos usuários.


Recomendações para os Usuários:


  • Leia as Políticas de Privacidade: Entenda como o LinkedIn coleta, trata e utiliza seus dados.

  • Controle as Configurações de Privacidade: Personalize as configurações da sua conta para controlar o que é compartilhado.

  • Tenha Consciência do que Compartilha: Pense antes de publicar informações pessoais ou sensíveis.

  • Atualize-se sobre a LGPD: Compreenda seus direitos e como exercê-los.

  • Utilize ferramentas de privacidade: Existem ferramentas que permitem controlar a coleta de dados por aplicativos e sites, como o "Não rastrear" e o "bloqueador de anúncios", que podem ser utilizados para reduzir o rastreamento de sua atividade online.

  • Exija transparência: Busque empresas que sejam transparentes sobre o uso de seus dados e que ofereçam ferramentas para controlar a privacidade e a segurança de suas informações.


Alguns pontos adicionais a serem considerados:


  • Aspectos Éticos: Além da questão legal da LGPD, é importante considerar os aspectos éticos relacionados ao uso de dados para treinamento de IA. Como garantir que os algoritmos de IA não estejam sendo utilizados para reforçar vieses e discriminação na sociedade? Como garantir a transparência e a justiça na utilização da IA para tomar decisões que afetam as pessoas?


  • Regulamentação Global: O uso de dados para treinamento de IA é um tema que tem ganhado cada vez mais atenção de órgãos reguladores em todo o mundo. A União Europeia já implementou o GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados), e a China também tem uma lei de proteção de dados própria. É importante que as empresas se mantenham atualizadas sobre as regulamentações globais e adaptem suas práticas para garantir a conformidade com as leis internacionais.


  • Responsabilidade Corporativa: As empresas têm a responsabilidade de garantir que o uso de dados para treinamento de IA seja ético e responsável. É importante que as empresas implementem políticas e procedimentos claros para a coleta, o tratamento e o uso de dados, assegurando que os dados sejam utilizados de forma transparente, segura e ética.


  • Conscientização dos Usuários: É fundamental que os usuários estejam conscientes dos riscos relacionados à coleta de dados e ao uso de IA nas redes sociais. A educação e a divulgação de informações sobre os direitos dos usuários e as práticas das empresas são essenciais para que as pessoas possam tomar decisões informadas sobre o uso de seus dados e controlar a sua privacidade.


O debate sobre a coleta de dados e o uso de IA nas redes sociais é constante e complexo. É fundamental que as empresas sejam transparentes com seus usuários sobre como seus dados estão sendo utilizados e que garantam a segurança e a privacidade dessas informações. A proteção de dados e a ética no uso de IA são fundamentais para a construção de um ambiente digital seguro, justo e responsável para todos.


Conclusão:

A questão da coleta de dados e o uso da IA em redes sociais é um tema de grande relevância e exige atenção e cuidado. É essencial que as empresas como o LinkedIn sejam transparentes com seus usuários sobre como seus dados estão sendo utilizados e que garantam a segurança e a privacidade dessas informações. A proteção de dados e a ética no uso de IA são fundamentais para a construção de um ambiente digital seguro, justo e responsável para todos.


Para saber mais sobre a LGPD e os seus direitos, acesse o site da SOMAXI GROUP ou entre em contato conosco para uma consultoria especializada!



Glossário:

  • IA (Inteligência Artificial): Simulação de processos de inteligência humana por máquinas, especialmente sistemas de computadores.

  • Dados Pessoais: Informações que podem identificar uma pessoa, como nome, CPF, endereço, telefone, e-mail, etc.

  • Dados Biométricos: Dados que permitem a identificação individual de uma pessoa, como impressões digitais, reconhecimento facial, escaneamento de íris, voz e DNA.

  • Vieses Algorítmicos: Erros ou distorções nos algoritmos de IA que podem resultar em decisões injustas ou discriminatórias.

  • LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados): Lei brasileira que regulamenta o tratamento de dados pessoais, estabelecendo direitos e deveres para pessoas naturais e jurídicas.

  • GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados): Regulamentação da União Europeia que estabelece regras para a proteção de dados pessoais.

  • Consentimento Informado: Autorização livre, específica, informada e inequívoca do titular para o tratamento de seus dados.

  • Transparência: A prática de tornar informações e processos acessíveis e compreensíveis aos usuários.

  • Stakeholders: Partes interessadas em uma organização, como clientes, fornecedores, funcionários, investidores, governo, etc.


Referências Bibliográficas:


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Luiz Gomes

CDPO | Chief Data Privacy Officer - Somaxi Group

DPO | Data Protection Officer - Somaxi Group

Mentor na Rede Governança Brasil - RGB

Membro do Conselho de Usuarios de Serviços Publicos - CGU

Membro da Comissao Especial de Privacidade, Proteção de Dados e IA - OAB/SP

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